Pintura I

, c. 1973

António Sena

Acrílico sobre tela

57 × 53 cm
assinado
Inv. 2078
Historial
Adquirido pelo Estado em 1976.

Exposições
Lisboa, 1973.
Durante o final da sua estadia em Londres, António Sena realiza um conjunto de trabalhos que transportam a temática anteriormente explorada no âmbito da grafia e do gesto da escrita automática, para o domínio do suporte, do espaço projetual. Nesta pintura, sobre o fundo negro ardósia, surge uma página quadriculada com dois furos na margem esquerda. Uma página limpa, sem escrita, onde o quadriculado evoca a questão do cálculo, que ganha importância no universo conceptual do artista. A cor lisa da folha, rosa pastel, atesta uma abertura cromática da paleta, em relação intrínseca com a luz, em contraste com o negro do fundo, que penetra suavemente nas margens da folha e cria um ligeiro ondular. Há uma ponte que o autor estabelece entre figuração e abstracção. A página de dossier não é apenas uma mancha de cor, reforça-se em princípios geométricos e afirma-se em termos formais, para concomitantemente se diluir no fundo negro que procura absorver essa janela de luz. Um subtil jogo de resistências, entre presença e ausência, que remete para a poética do silêncio num contexto de ausência de liberdade.

Adelaide Ginga
 

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