Veneza

, c. 1906 – 1908

Adriano Sousa Lopes

Óleo sobre madeira

18 × 24 cm
Inv. 1266 (44)
Historial
Doação da família do artista ao Estado. Depositado pela Direcção-Geral da Fazenda Pública, em 1946, e seleccionado por Diogo de Macedo para integrar a colecção do MNAC.

Exposições
Lisboa, 1917, 75; Lisboa, 1945, 50; Lisboa, 1949, 1040; Queluz, 1989, 90; Caminha, 2001.

Bibliografia
SILVEIRA, 1994, 110, cor.
Durante a estada em Paris como pensionista do Estado, Sousa Lopes viaja por Itália em 1906, “porque senti uma lacuna na minha educação artística” (carta enviada à Academia de Belas-Artes). Assim, 1906 é a data possível para a realização desta peça, provavelmente exposta em 1917 na SNBA, exposição que integra várias obras sobre Veneza. Na Praça de S. Marcos, quase deserta dada a hora matinal que a envolve, perfila-se uma figura de negro, sentada nos degraus da escadaria do Palácio dos Doges, marcação da cidade na sua época áurea renascentista. Evocando este edifício em planos justapostos de pincelada que deixa perscrutar a malha da tela, o pintor recria um ambiente de solidão animado por um colorido vibrante. A via estende-se ao longo do Grande Canal, onde a coluna encimada por um leão alado refere o símbolo da cidade. Os edifícios são representados através da pequena pincelada que os desconstrói e sintetiza, em visões cúbicas, junto a breves pontuações de candeeiros, sob o céu que se adensa em pesadas nuvens. Com referências a Claude Monet, salientando os valores luminosos e cromáticos, na sensação de um momento específico e caracterização espacio-temporal, estabelece sensíveis mediações entre o olhar do artista e o espectador.

Maria Aires Silveira