Júlia Ventura

Lisboa , 1952

Formou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e tem o curso de Vídeo Arte da Universidade de Concórdia, Montreal, Canadá. Começou a expor individualmente os seus trabalhos fotográficos no início dos anos 80, entre Lisboa e Amesterdão, sendo fulcral para a singularidade da sua obra o contato com a cena artística internacional neste período. A sua obra elabora alguns dos mais importantes questionamentos históricos e ontológicos pós-modernistas sobre a representacção fotográfica e, particularmente, a autorrepresentacção. Utilizando principalmente a fotografia nas suas potencialidades de representacção e reprodutibilidade, e mais recentemente o vídeo e a pintura, explora o léxico dos estereótipos sexuais e imagéticos que rodeiam a representacção feminina, influentes no decorrer do próprio discurso artístico e fotográfico. A artista trabalha sobre o conceito de matriz imagética, a sua massificacção e alteridade, desconstruindo os seus componentes, criando paradoxos e dialéticas que denunciam a herança patriarcal na constituição da imagem do feminino e desarticula o legado verista da génese fotográfica. A sua obra tem sido exibida em Portugal e nos estrangeiro, sobretudo na Holanda. Destacam-se as exposições coletivas no Stedelijk Museum, Amsterdão (1991), Museo National Reina Sofia, Madrid (1997), MEIAC, Badajoz (2001), e as individuais na Villa Arson, Nice (1989), Centro Cultural de Belém (1997), Musée d’art moderne et contemporain, Genève (2002). Em 2004 foi realizada uma antologia da sua obra na Fundacção de Serralves e no Muller Museum, em Otterlo na Holanda.

Emília Tavares