António Sena

Lisboa , 1941

Enveredou por uma formacção técnico-científica, que abandonou rapidamente por um curso de Gravura. As primeiras exposições surgem em 1964, partindo, no ano seguinte, com bolsa da Fundacção Calouste Gulbenkian, para Londres, onde frequentou a St. Martin’s School of Art (1965-1966). Neste período londrino recebe influências da arte Pop mas cedo avança para uma linguagem própria, marcada por um gestualismo automático, que parece ensaiar uma espécie de escrita. Procura, por um lado, uma formulacção primordial da comunicação através do recurso a elementos gráficos, signos científicos ou simbólicos, por outro, a saturacção da tela ou do papel por sinais ou vocábulos estrangeiros, sem relação aparente, aponta para as questões da ilegibilidade e da incomunicabilidade. Nos anos 70, para além dos signos, que articulam letras e números, interessa também a superfície onde estes se inscrevem, recorrendo ao papel pautado ou quadriculado, a telas que imitam as ardósias escolares, numa alusão à génese da escrita, a par de um empenhado trabalho da luz. Na década de 90, são os fundos argilosos/ térreos que marcam o seu processo criativo, exprimindo uma pesquisa arqueológica do saber e da linguagem. A sua pintura foi alvo de várias retrospetivas desde a década de 90, destacando-se as exposições organizadas pelo Centro de Arte Moderna da Fundacção Calouste Gulbenkian (2002) e pela Fundacção de Serralves (2003). Em 2003 foi-lhe atribuído o Prémio EDP de Pintura e, em 2011, recebeu o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso.

Leonor Oliveira