Maria Helena Vieira da Silva

Lisboa , 1908 1992 , 1992

Em 1928, parte para Paris para formar-se em Escultura com Bourdelle, na Academia Grande Chaumière, e com Despiau, na Academia Escandinava, mas já em 1929 entrega-se à pintura, estudando com Fernand Léger e Bissière, assim como gravura no atelier de Hayter. Cedo se inseriu nos círculos artísticos da capital, sobretudo quando o regime do Estado Novo lhe retirou a nacionalidade, em 1930, altura em que casou com o pintor húngaro Arpad Szenes. Em 1933 inicia uma fulgurante carreira com a sua primeira exposição individual em Paris que, após a sua plena integração na denominada Segunda Escola de Paris, não mais se deteria até ao final da sua vida, sendo objecto de numerosas retrospectivas na Europa e na América e recebendo importantes prémios internacionais, que começaram com o Prémio de Aquisição da II Bienal de São Paulo. Unicamente um hiato houve na sua carreira, determinado pela sua estada no Rio de Janeiro entre 1940 e 1947, provocada pela guerra e pela recusa do governo português de acolher o seu marido. Este facto provocará um longo afastamento do seu país, só interrompido em 1969 com a exposição organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, que divulgou o trabalho da artista, quase nunca mostrado em conjunto desde que António Pedro o expusera na sua Galeria UP em 1935. Desde que nos anos 30 aliara a figuração e a abstracção numa pesquisa centrada na representação do espaço, destacou-se como uma artista que soube conferir ao seu trabalho uma marcada singularidade a partir da flexibilidade imposta ao espaço mediante projecções perspectivas impossíveis, primeiro, e depois, no período do pós-guerra, sobressaindo de entre o grupo da Escola de Paris, por um aprofundamento de questões, compositivas e cromáticas, que caminharão progressivamente à procura da depuração.

Maria Jesús Ávila