António Dacosta

Angra do Heroísmo , 1914 Paris , 1990

Veio para Lisboa para fazer o curso de Pintura da Escola de Belas-Artes. Em 1938, conhece António Pedro no café A Brasileira que o introduz ao Surrealismo. Em 1940, expõe pela primeira vez, numa mostra conjunta com António Pedro e a artista inglesa Pamela Boden na Casa Repe, em Lisboa. Esta mostra teve lugar quando ainda decorria a Exposição do Mundo Português e afirmou-se numa atitude independente e de ruptura que introduziu a liberdade temática e formal do Surrealismo por oposição à ordem e aos arquétipos preestabelecidos. Até meados nos anos 40 desenvolveu uma pintura figurativa de linguagem onírica que se caracteriza pelo teor dramático, por vezes violento ou por um lirismo de pendor melancólico, numa temática próxima da realidade europeia ou que reflecte a sua interioridade de ilhéu. Esta obra é divulgada em várias exposições do spn/sni, e, em 1942, é prémio Amadeo de Souza-Cardoso com a pintura A festa. Em 1944, um incêndio no seu atelier leva à destruição de uma parte da sua obra. Três anos depois, parte para Paris onde irá radicar-se e estabelecer contacto com o grupo surrealista francês, subscrevendo o manifesto Rupture inaugurale, de Junho de 1947. Ainda que não tenha integrado nenhum dos grupos surrealistas formados em Portugal, participou com duas obras na exposição de 1949, do Grupo Surrealista de Lisboa. Nesse mesmo ano abandona a pintura para se dedicar ao jornalismo e à crítica de arte (como correspondente do Estado de São Paulo e do Diário Popular), à poesia e à ilustração. Retoma a criação plástica em 1975 com trabalhos experimentais de pintura e colagem no campo do Abstraccionismo. Ao longo da década de 80, assume uma nova abordagem artística que evidencia um desenvolvimento reflexivo e se traduz num conjunto de obras que não perdem a sua relação umbilical com os Açores. Composições pictóricas de uma assinalável placidez e subtil humor. Em 1984 é-lhe atribuído o Prémio Nacional de Artes Plásticas.

Adelaide Ginga